
Como Corvo que sou, gosto de ouvir um bom fado.
Aquelas lindas canções a que chamam fados de Coimbra (embora goste muito) – desculpem – não são a mesma coisa.
Aquelas lindas canções a que chamam fados de Coimbra (embora goste muito) – desculpem – não são a mesma coisa.
Fado, é de Lisboa!
Aqui vai uma letra de um fado que está de acordo com o que digo:
Ter um fado igual ao meu,
Oh Coimbra, quem te dera!
Na Mouraria nasceu,
Teve por mãe a Severa.
Fado do lindo do Mondego,
Cantado por noite fora.
À alma tira o sossego,
Que de tanto ouvir o chora.
O de Lisboa é o mais triste,
É mais castiço, mais ... (?)
A alma não lhe resiste,
Ouvindo, logo desmaia.
... (?) outros cantados,
Na Mouraria, ou no Choupal.
São lindos todos os fados,
É a voz de Portugal.
9 comentários:
Fado do Corvo
O Corvo foi almoçar
À Tertúlia Festa Brava.
Ouviu o fado cantar
A ver se ressuscitava.
Foi tão grande a emoção
Que até o fado cantou.
Alegrou-lhe o coração
E para a net voltou.
Tinha as penas muito feias,
Dizia que não voltava.
Afinal mudou de ideias
Enquanto o fado escutava.
E assim falou da Severa
E chamou-lhe mãe do fado
Coisa que o fado não era,
Pois sempre foi enjeitado.
Não se sabe onde nasceu,
Nem os anos que já fez,
Nem pai nem mãe conheceu,
Só sabe que é Português.
Se quizeres, podes tentar usar a música do "Fado da Mariquinhas" do teu adorado Marceneiro.
Beijos
Mãe
Ai, oh Maria
dos Alcatruzes da Roda,
muito eu me ria
se isto voltasse à moda.
O Fado já não é como se cantava;
Agora, uma voz e a guitarra.
Ai, oh Maria
com o teu verso bem feito
onde é que iria
se eu tivesse teu geito?
De cantar, de certeza, não parava,
e tu depois, comigo fazias, uma desgarrada.
Corvo,
Falta-me a Vossa veia... tenho pena!
Deixam-me os dois sem palavras.
Sinto-me feliz por estares de regresso.
Beijo de saudades
Nemy
Desgarrada
Lá porque tu foste ao fado
Queres Desgarrada já vi.
Meu filho estás enganado,
A voz que tinha perdi.
Antigamente cantava
Todos os fados sabia
E todo o dia levava
A cantar qual cotovia.
Agora, já só consigo
Às vezes cantarolar.
Só queria o tempo antigo
Que já não pode voltar.
Aproveita tu agora
Vive e canta com prazer.
Manda as tristezas embora
Trata mas é de viver.
A vida é boa se a gente
A souber aproveitar.
Levar o dia contente,
Ouvir o fado e cantar.
Afina-me essa garganta,
E com a guitarra na mão,
“Quem canta seus males espanta”
diz o povo e tem razão.
Queres Desgarrada? Só por escrito.
Beijo
Mãe
Vi na Festa Brava
uma senhora a cantar
o velho fado à guitarra
sem a voz soluçar.
Cantava ela sentindo
a letra que dizia
o refrão repetindo
da linda poesia.
Depois da cantiga
falou-nos muito bem
então a rapariga
já oitenta os tem.
Com a tua juventude
não tens tu ainda
a garganta em plenitude
e a voz certinha?
Minha querida amiga Nemy
respondendo à tua mensagem,
vou estar mais por aqui,
ver se não é só de passagem.
Beijinhos.
Eu noutros tempos cantei.
O tabaco fez-me rouca.
Os fados que mais amei
Já não me saem da boca.
Eu era Herminia, era Amália,
O Marceneiro, a Lucília,
A Dona Teresa, a Cidália,
Dom Vicente e a Ercilia.
De todos os que cantava
Uma me era mais cara
Suas canções adorava,
A “minha” Maria Clara.
Como aquela costureira
Que junto da Sé morava,
Ou a sua companheira
Que o rio Douro espreitava.
Acho melhor terminar
Já sinto uma certa mágoa.
Comecei quase a brincar,
Tenho os olhos rasos de água.
Se quizeres mais, é só dizer.
Beijo
Mãe
Trazes Lisboa na alma,
Oh Vasco! Trazes Lisboa na alma,
Lisboa, essa cidade tão linda!
Oh Vasco ouve bem o meu recado,
Conhece-a por todo o lado,
Tens muito que ver ainda.
Não esqueças a graça da Mouraria
As ruas da varina que é Alfama,
Corre o Bairro Alto lés-a lés
Verás o Tejo a teus pés
E aos pés da tua dama.
Vai à Graça, corre os miradouros,
Depois vai num salto à Madragoa,
Vê conventos, os gatos, as tasquinhas
E ouve o “boa tarde” das velhinhas,
Desta aldeia no meio de Lisboa.
Beijo
Mãe
Corvo preguiçoso:
Vê lá se dizes alguma coisa.
Lisboa não é só fado.
Beijinhos
Mãe
Enviar um comentário