
A luz do dia entrava pelas janelas, e o dia convidou-me a ir dar um passeio.
Sentei-me ao volante e fui à terra de onde vem a minha família paterna, com o propósito de a visitar, mas também ver um casal amigo, vizinhos dos meus avós.
Aproveitando a ida a Cascais, comecei por ir ao Parque Condes de Castro Guimarães (mais conhecido por Parque Marechal Carmona). Conheço esse lugar desde que me lembro de existir. No entanto, se não soubesse que era o mesmo parque, não o reconheceria. São poucas as coisas que se mantêm, como o café, a mina, a estufa, o museu, a capela, as pontes do Rio dos Mouchos, e pouco mais. De resto, tudo está diferente. Havia lá um mini-zoo, com 3 macacos, várias aves, incluíndo o corvo Vicente que cumprimentava quem por perto passasse e guardava a comida que lhe davam num buraquinho pequeno, para quando tivesse fome. Depois, no lugar onde se vê um parque infantil, estavam os veados e um pouco mais ao lado, as raposas. Havia também pavões à solta. Que eu tenha reparado, safou-se meia-dúzia de patos e algumas tartarugas, no lago à entrada. Os restantes lagos estão secos.
Um relvado enorme, várias plantações de flores muito bonitas e outras modernices, vieram ocupar o lugar que já foi um dos mais bonitos que conheci, com caminhos pelo meio das árvores e alguns encontros com os referidos pavões.
Mas nem tudo é mau: a capelinha junto ao museu, que tinha aspecto de abandonada e sempre fechada, estava aberta, e visitei-a, lembrando-me de todos os Cascalenses de família e fora de família que têm lá vivido, desde que vim ao mundo aos dias de hoje. Lembrei-me de todos os que ainda vivem e os que já partiram, e mesmo dos que não sei se ainda vivem. De qualquer forma, poucos restam. Partiram muitos. Mas eu fui lá e lembrei-me deles, para que a sua memória não se apague.
Depois, fui ao Largo Luiz dos Santos, tio da minha avó, cuja placa toponímica desapareceu da casa velha que se vê na foto e fui encontrar à venda numa feira de antiguidades. (Só gostava de ver a cara de parvo do “gatuno” quando por lá passar e a reencontrar, só que desta vez, do outro lado da rua, e impossível de lhe chegar).
Finalmente, lá fui ver os antigos vizinhos dos meus avós, que são como da família. Entrei numa casa onde fui mais vezes do que a conta dos meus cabelos, onde vivi muitos momentos alegres, outros menos felizes, mas que deixou muita saudade.
A casa, lá está, de pé.
Por hoje chega de conversa.
Até breve!