sábado, 10 de outubro de 2009

A Torre da Cativa da Boca do Inferno


Reza a lenda que, no local hoje conhecido como Boca do Inferno, existiu um palácio habitado por um temível homem que ocupava parte do seu tempo com feitiçarias.
Certa altura, o poderoso homem decidira casar, e para o fazer seria com a mulher mais bela daquela zona. Consultando a sua bola de cristal, encontrou o que procurava, e mandou que os seus cavaleiros fossem buscar a formosa mulher. Quando a trouxeram, ficou radiante com a sua beleza.
Mais tarde, terá sentido ciúmes e temeu que lhe cobiçassem a mulher, pelo que encarregou o seu mais fiel cavaleiro de se tornar seu guardião, encarcerando-a numa torre, em frente ao mar. Os dias de solidão passaram, até que o guardião decidiu abrir a porta e entrar, para ver a mulher que guardava. Ao sentir o cavaleiro entrar ela, espantada e assustada, perguntou:
- “Quem és tu?”
- “Sou o teu guardião.”
- “Guardião de quê? Da minha solidão? Da minha desgraça? Ao menos tu...”
- “Eu, o quê? Passo os meus dias igualmente só, igualmente preso...”

A semelhança de suas condições juntou-os, levando a amarem-se.
Numa noite, decidiram fugir os dois num cavalo branco. O feiticeiro, ao vê-los fugir, completamente irado, provocou uma enorme tempestade, abrindo os rochedos; um verdadeiro inferno... Só quando se deixaram de ver o guardião e a cativa, é que a tempestade cessou.

Hoje em dia, os buracos nos rochedos causados pela tempestade são bem visíveis. Do outro lado da estrada que ao lado passa, existe o resto de uma antiga construção que, quem sabe, não será a torre...

5 comentários:

Maria disse...

Corvo:
Diziam os antigos que sim. As lendas da nossa terra são lindas e tristes.
O que haverá de verdade por trás das lendas?
Algumas sabe-se que são baseadas em factos verídicos, que depois são romanceados. A de Santa Iria é uma dessas. A da Cativa da Boca do Inferno, não sei.
Tema muito giro e bem contado.
Parabéns e beijinhos da
Mãe

Vasco disse...

Certamente que esta tem muita fantasia, mas esta construção pode muito bem ser resto de uma torre, e até pode ser que houvesse mais terreno no sítio onde hoje há o afastamento das rochas. Quem sabe até, se a torre não serviu mesmo de calabouço para alguém...

Do género desta lenda, lembrei-me da Lenda do Diabo da Ponte do Alfusqueiro.

Beijos.

Anónimo disse...

CC

Antes a Torre da Cativa da Boca do Inferno do que a Torre de Mon... Corvo.

Estou bué da bera contigo. Não vais lá ao meu covil, não dás sinais de vida, a tua mamã diz que sim, que culaboras (com o) nas minhas iniciativas e depois é o que se... não vê, et coetera y tal.

Estou a ponderar se um destes dias, corto ralações com tu. Se o Profecello pondera, por que bulas não posso ponderar eu? Dito & feito, S.A.

Mas, por enquanto, abs

Vasco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vasco disse...

Henrique,

O meu "post" de 4 de Outubro, sobre os sem-abrigo, foi uma resposta ao teu desafio "Bato Palmas" de 1 de Outubro. Agora, digo eu: "o silêncio das palmas era tanto, que até ouvi os grilos..."
Pensei que fosse para falar de um dos dez temas à escolha, e escolhi o da solidariedade constante.
Depois de já ter publicado, é que vi os comentários e pareceu-me ter posto a "pata na poça".
Boa intenção, a minha, mas de boas está o inferno cheio, não é?

Abraço!